Defesa de réu garante que promotoria forjou testemunha de acusação no caso Eliseu
O advogado de defesa de um dos réus no processo sobre a morte do ex-secretário da Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, acusou o Ministério Público de forjar uma testemunha de acusação para sustentar a tese de que o crime se tratou de uma execução, e não de um latrocínio.
Em três de maio de 2010, Antonio Carlos Becker, de 44 anos, apresentado no processo como delegado de operações especiais da Polícia Federal, prestou depoimento à promotora Lucia Callegari. O suposto policial contou ter sido procurado pelo ex-secretário dias antes do assassinato. Segundo a testemunha, Eliseu relatou que vinha sofrendo ameaças e que temia ser executado.
Nesta semana, a reportagem da rádio Guaíba obteve a confirmação oficial, na Polícia Federal, de que Becker nunca integrou o quadro de funcionários da corporação. Nos autos do caso, registrados no Tribunal de Justiça, a testemunha é identificada como um autônomo, que presta serviços de reforma e pintura.
O advogado Marcos Vinícius Barrios, que defende no processo o ex-sócio da empresa Reação Marcelo Machado Pio, sustenta que o MP inventou a testemunha para comprovar a tese de crime encomendado.
A reportagem teve acesso à transcrição do depoimento de Becker, à 1ª Vara do Júri de Porto Alegre. Ao ser questionado pelo juiz, o homem reforçou ser policial federal e reiterou a versão da suposta ameaça sofrida pelo ex-secretário.
O advogado de defesa ainda acusou o Ministério Público de usar o homem com "coringa", garantindo que relatos dele também constam no processo sobre a morte do ex-vice presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Marco Antonio Becker.
Procurada pela rádio Guaíba, a promotora do caso, Lucia Helena Callegari, não quis se manifestar. Ela alegou que a existência de uma susposta falsa testemunha não é relevante para o conjunto do processo.
Comentários