O futebol e a barba


A imagem de Hugo de León, capitão do Grêmio, levantando a taça da Libertadores de 1983 com o rosto todo ensanguentado é um das mais míticas da história do futebol. A expressão do uruguaio é de dor e contentamento pela vitória sobre o Peñarol por 2x1, no estádio Olímpico. Mas um detalhe chama atenção: a barba de Don Hugo. Os longos pelos faciais acompanharam de Léon por todo sua carreira de jogador profissional. Os adversário se sentiam intimidados por aquela figura barbuda, um misto de roqueiro com homem das cavernas.


Curiosamente depois que pendurou as chuteiras e virou treinador, Hugo de Léon, usou a gilete e tirou fora a barba. Ficou com aspecto estranho, frágil e irreconhecível. Coincidência ou não, o capitão nunca mais foi o mesmo vitorioso fora dos gramados. Agora, um argentino desafia os treinadores "bundinha de bebê". Eduardo Domínguez, comandante do Huracán, é contrário à lógica de que o técnico tem que estar à beira do gramado bem barbeado e de terno e gravata.


Domínguez era zagueiro e teve quatro passagens no El Globo. Foram 140 jogos, 13 gols e dois títulos conquistados (Copa Argentina e Supercopa Argentina). Encerrou sua carreira no dia 17 de agosto de 2015, dois dias depois de jogar sua última partida oficial. Saiu do gramado direto para a casamata. A trajetória é semelhante a de Diego Simeone, que em 2006, passou de jogador a treinador do Racing. Eduardo Domínguez tem apenas quinze jogos à beira do campo. Entre eles, a final da Copa Sul-Americana, quando viu seu time perder nos pênaltis para o Independiente Santa Fé, da Colômbia.


Com 37 anos e casado com a filha do mítico técnico Carlos Bianchi, o comandante do Huracán é apontado como um dos bons treinadores da nova geração argentina. Em sua conta no Twitter é possível ver algumas facetas de sua personalidade: bom gosto musical (posta músicas de bandas de rock da Argentina), ativista social (participou ativamente da campanha "Ni Una Menos", contra a violência com as mulheres) e paizão orgulhoso dos dois filhos pequenos. Que Eduardo Domínguez siga honrando a nossa tribo dos barbudos pelos gramados da América.

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