O Felipão europeu


Luiz Felipe Scolari é um dos treinadores brasileiros mais vitoriosos da história. Ganhou tudo. Gauchão, Paulistão, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, Libertadores da América e Copa do Mundo. Sua qualidade como técnico é inquestionável, porém, está ultrapassado. Felipão ainda se utiliza de antigos métodos de treinamento, esquemas táticos da década de 1980/90 e um discurso "motivador" que não seduz mais seus comandados. Certa vez o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Jr. confidenciou a mim e ao colega Nando Gross que o nível intelectual do atual elenco do clube não era compatível com o discurso de Felipão. Era retrógrado demais.


Em Manchester, no noroeste da Inglaterra, está a versão européia de Felipão. É outro grande treinador, um vitorioso, mas que dá claros sinais de que está ultrapassado. O nome dele? Louis Van Gaal. O holandês já passou por grandes clubes como Ajax, Barcelona, Bayern de Munique e a seleção de seu país. Venceu todos os campeonatos possíveis e impossíveis mundo afora. Atualmente no Manchester United, Van Gaal está em vias de ser demitido do clube inglês. Os motivos seriam seus ultrapassados métodos de treinamento, má relação com os jogadores e falta de critério nas contratações.


Na última janela de transferências, o Manchester United trouxe Memphis Depay, Matteo Darmian, Sergio Romero, Morgan Schneiderlin, Bastian Schweinsteiger, Regan Poole e Anthony Martial. A "gestão Van Gaal" gastou nada menos do que 258,7 milhões de libras (R$ 1, 477 bilhão). O resultado é um modesto sexto lugar na Premier League, eliminação na fase de grupos da Champions e oito jogos consecutivos sem vitória. O cenário está armado para a demissão de Van Gaal. Talvez o melhor caminho para ele seja o mesmo de Felipão: um mercado emergente, cheio de dinheiro e doido para contratar profissionais com a grife do holandês. Esta aí a China que não deixa os medalhões desempregados.


Em 1995, Felipão e Van Gaal se encontraram na final do Mundial Interclubes, em Tóquio, entre Grêmio e Ajax. Em 2014, fizeram uma melancólica disputa pelo terceiro lugar da Copa do Mundo. A verdade é que ambos fazem parte de uma turma que resiste em se aposentar. Profissionais que foram referência um dia, mas que pararam no tempo. Talvez sirvam para resgatar times na zona da degola na base daquele velho e surrado discurso "todos estão contra nós". Que Felipão e Louis Van Gaal possam ir cuidar dos netos, da fortuna que acumularam e abram espaço para novos treinadores com novas ideias e conceitos. O futebol precisa de novos ares.

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