A hora da verdade


A semana está passando arrastada, tensa e interminável para a torcida gremista. Mais parece um dia quente, longo e abafado do verão escaldante de Porto Alegre, Uruguaiana ou Santa Maria. Os minutos passam lentos, as horas trancaram no ponteiro do relógio. Nada se desenvolve com naturalidade, tudo é muito tenso e pesado. Apenas uma coisa está no pensamento da torcida do Grêmio neste momento: o jogo decisivo, nesta quinta-feira, contra o Deportivo Huachipato, no Chile.

Não apenas por decidir a classificação para a próxima fase, mas também por praticamente definir o futuro do clube no ano de 2013. Sim, o cotejo tem toda esta importância. Uma vitória dá fôlego para o "projeto" de Vanderlei Luxemburgo. Já uma derrota pode causar a demissão do treinador e uma possível remontagem do grupo de jogadores já no mês de abril, com vistas ao Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. O problema é que a torcida está nervosa com os últimos desempenhos do time.

  
Em 2013, a campanha do Grêmio é muito irregular. São onze vitórias, nove derrotas e três empates. Pouco mais de 50% de aproveitamento. A única grande atuação foi contra o Fluminense, no Rio de Janeiro, quando o tricolor gaúcho patrolou os cariocas. A vitória por três a zero foi incontestável. O time teve volume de jogo, errou poucos passes, foi preciso na marcação, teve raça, vontade e não deu chances ao adversário. Outro bom jogo foi a goleada contra o Caracas, na Arena. Porém, no restante das partidas o futebol apresentado foi fraco, muito fraco.

No início do ano, quando os reforços foram chegando, eu disse que este grupo do Grêmio era mais candidato a ganhar o Brasileirão do que a Libertadores. O elenco foi montado em meio à decisão contra a LDU, na primeira fase da competição Sul-Americana. O perfil do treinador e sua habilidade em competições por pontos corridos também é um dos fatores que me faz pensar assim. Uma competição a longo prazo exige outro tipo de mobilização dos atletas. O trabalho pode ser melhor planejado, sem o risco de uma eliminação ali na próxima partida.


Jogadores de grande qualidade como Barcos, Vargas, Cris, André Santos, Elano, Souza e Fernando, ainda não conseguiram jogar como um verdadeiro time. Até Zé Roberto anda jogando bem menos do que ele está acostumado. Kleber, Welliton, Marco Antonio, Fábio Aurélio e Marcelo Grohe não encorparam o elenco como se imaginava. O artilheiro da temporada passada, Marcelo Moreno, está em baixa e prestes a sair do clube. Quem serão os culpados pela não formação do time? Atletas ou treinador? A curta pré-temporada?

Bom, isso agora é secundário. O que importa é a peleia de quinta-feira, 22 horas, naquele pequeno e acanhado estádio chileno. Lá estará todo o pensamento gremista. Nunca uma classificação foi tão importante. Apenas garra, raça e entrega dento de campo não serão suficientes. É preciso tudo isso e muito mais. Jogar futebol com qualidade será fundamental. Atacar e defender de maneira sólida e compacta. A ausência de Elano será terrível, mas esta é a hora de Luxemburgo provar que continua sendo um treinador diferenciado.

Independente do que acontecer, o Grêmio não acaba na meia noite de quinta-feira. A vida vai seguir. Só que para uma torcida que está carente de vitórias e títulos, uma eliminação na primeira fase de uma Libertadores será mais um duro golpe no coração tricolor (azul, preto e branco) tão machucado desde 2002.

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