O legado de Tarantino ao cinema moderno

O ano de 2012 (no Brasil chega em 2013) marca o lançamento de mais um filme do diretor americano Quentin Tarantino. Django Livre é o oitavo longa metragem dirigido pelo ex-atendente de uma locadora de vídeo. Além disso, o nome de Tarantino está veículado a vários projetos como roteirista, produtor, ator e diretor convivado. A nova película já levou dois prêmios no Globo de Ouro: melhor roteiro (escrito pelo próprio diretor) e melhor ator coadjuvante (para o excelente Christoph Waltz). Com a chegada de mais uma obra de Tarantino é inevitável pensar no legado que ele já deixou ao cinema moderno.


Este cinéfilo, natural de Knoxville, no Tennessee, mudou a sétima arte em vários aspectos. Primeiro, o uso de músicas obscuras como trilha sonora. Tarantino é mestre em escolher a canção certa para cenas de ação, romance, sexo, tiroteio, uso de entorcepentes pesados, cinema pegando fogo, casal dançando twist, etc. Eu invejo a coleção de discos dele. De lá saíram pérolas que trilharam filmes como "Pulp Fiction", "Cães de Aluguel", "Kill Bill", "Jackie Brown" e, mais recentemente, "Django". Da discoteca do diretor saíram clássicos modernos que tomaram conta das rádios, da MTV e das paradas de sucesso. Quer exemplos? "Girl, you'll be a woman soon", do Urge Overkill; "The Future", do mestre Leonard Cohen; "Don’t Let Me Be Misundertood", do Santa Esmeralda; entre muitas outras. Tarantino é o melhor DJ de todos os tempos disfarçado de cineasta.


Outros dois talentos e que tem a ver com atores/atrizes podem ser creditados a Tarantino. Primeiro é a capacidade de descobrir talentos. O cineasta "deu" ao mundo a oportunidade de conhecer Christoph Waltz, em "Bastardos Inglórios". A parceria se repete com o melhor brilhantismo agora em "Django". Ele também é mestre em redescobrir atores e lhes dar papéis perfeitos. Como não esquecer de John Travolta e Uma Thurman, em Pulp Fiction; David Carridine em Kill Bill e a musa negra dos anos 1970, Pam Grier em "Jackie Brown". Sem contar outros pouco lembrados, mas não menos geniais, como Kurt Russel, Harvey Keitel, Samuel L. Jackson, Michael Madsen, Bruce Willis, etc.


Tarantino é responsável pela "valorização" da violência no cinema. Não no sentido de fazer uma apologia para que malucos invadam salas de projeção ou escolas, atirando contra o primeiro inocente que apareça. A violência nos filmes dele é mais direta, tem endereço certo. O fato dos roteiro, invariavelmente, tratarem o tema a vingança, dá uma margem gigantesca para a filmagem de cenas recheadas de sangue, tiros, atropelamentos, etc. Para quem está acostumado a assistir telejornais no Brasil, nada mais corriqueiro. Porém, desde que surgiu Tarantino foi mestre em protagonizar vinganças sangrentas. E, claro, inspirou outros diretores a fazer o mesmo.


Ah, os roteiros de Tarantino. Pérolas modernos do cinema mundial. Os diálogos afiados, as voltas na linha do tempo, pra lá e pra cá, e os finais surpreendentes. O rapaz realmente sabe escrever conversas. Não apenas rápidos, mas os diálogos dos filmes de Quentin Tarantino são profundos. São cheios de frases de efeito, mas que fogem do clichê comum, barato. Isso também vale para os planos usados e nos cortes. A direção ágil, por vezes parecida com um videoclip, são características do "estilo Tarantino", que tanto vem influenciando o cinema moderno. Mesmo com apenas oito filmes dirigidos, de maneira oficial, ele já pode ser considerado um dos grandes da históira da sétima arte. Se com tão pouco tempo de atuação ele já revolucionou a telona em diversos aspectos, imagina o que vem pela frente.

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