Cachorros canadenses e a salvação do Rock & Roll

O Canadá é um país com mais de 35 milhões de habitantes. É aquele lugar do planeta Terra que os americanos adoram sacanear, em uma clara alusão à relação piadística Brasil-Portugal. O melhor produto de exportação canadense é o glorioso Hockey. Sim, aquele jogo em que um bando de barbudos, desdentados, patinando no gelo e armados com tacos podem brigar a qualquer hora. Aquilo sim é um esporte bretão. Pois vem de lá, da terra de Neil Young, Pamela Anderson e Leslie Nielsen, uma das bandas mais legais dos últimos anos.


Da cidade de Saskatoon vem a banda The Sheepdogs, uma daquelas fortes candidatas a sensação do momento e salvação do rock & roll da última semana. Não que o trabalho deles seja pouco consistente para durar mais do que dois verões. Muito pelo contrário, a banda é sensacional no que se propõe a fazer. Um rock clássico com uma pegada de folk, blues, boogie e com aquele sotaque sulista americano que faz esquecer por alguns instantes que eles são compatriotas da Celine Dion. O som da banda lembra algo entre o Allman Brothers, Guess Who, a fase mais sulista dos Stones e umas pitadas de Grand Funk Railroad e Carlos Santana.

O novo disco, auto intitulado The Sheepdogs, saiu em setembro e vem recebendo ótimos elogios da crítica e  bons lugares nas paradas de sucessos. Já venceu alguns prêmios de álbum do ano, single do ano e revelação. A produção do álbum é de um dos cérebros por trás do Black Keys, o baterista Patrick Carney. Por isso, em algumas faixas, o som dos canadenses lembra um pouco o da dupla rockeira de Ohio. Carney conduz bem a produção da obra e, apesar das semelhanças citadas acima, consegue deixar fluir a verdade artística natural do quarteto.


Além do último trabalho, eu recomendo uma boa ouvida em "Learn and Burn", de 2010, o terceiro dos quatro discos da trupe. Muitas foram as bandas que surgiram como nova salvação do rock. Entre elas, algumas já consagradas e comprovadamente ótimas como Strokes, Black Keys, Arctic Monkeys e, mais antigamente, o Black Crowes e os The Hellacopters. Não tentem salvar a alma desta entidade infernal que é a música feita por guitarra, baixo, bateria e vocal. O rock é "insalvável". Deixem os The Sheepdogs latirem em alto e bom som.

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