A culpa é do atropelador

Há cinco anos praticamente ninguém falava sobre as bicicletas como transporte alternativo em Porto Alegre. A bike era um mero instrumento de lazer, passeio e entretenimento nos finais de semana ou dias de folga do cidadão comum. Nem sequer se cogitava a instalação de ciclovias na cidade. Hoje em dia o uso de bicicletas é assunto em qualquer uma das rodas de bate-papo. E pior, virou plataforma de campanha política.
O fim da tarde do dia 25 de fevereiro de 2011 mudou muita coisa. Em pleno bairro Cidade Baixa, o funcionário do Banco Central Ricardo Neiss atropelou dezenas de ciclistas que participavam de uma passeata do grupo Massa Crítica. As imagens chocantes percorreram o mundo e provocaram arrepios em telespectadores e usuários do Youtube. Além disso, uma revolta geral ficou no ar contra a pessoa de Neiss. Mesmo respondendo processo por 17 tentativas de homicídio, ele segue em liberdade.
O episódio deu início a todo o debate sobre o uso da bicicleta, respeito ao ciclistas, o comportamento deles ao se reunirem em grandes grupos na ruas e a necessidade de um transporte alternativo em uma cidade cada vez mais entupida de carros. Na eleição deste ano, o candidato que fez a ciclovia por pressão popular se vangloria disso, enquanto a candidata de oposição diz que fará uma ciclovia muito melhor. Tem até candidato a vereador que se apega a isso como plataforma política.Virou jogada eleitoreira, tema de destaque nas campanhas. A culpa é toda do atropelador.
Se Ricardo Neiss não tivesse atropelado aquelas dezenas de ciclistas não se daria a importância devida ao tema. Ninguém clamaria por mais ciclovias e pessoas que normalmente utilizam carro não deixariam seu veículo em busca do transporte alternativo. E, claro, nossos políticos não fariam nada para mudar o panorama da mobilidade urbana da cidade. Pode ser que lá na frente ninguém mais fale nada sobre o assunto, mas isso só o tempo dirá.

Comentários

Postagens mais visitadas