Onde estão as cervejas uruguaias??

Dia desses, um belo e agradável domingo de sol, fui almoçar com a minha morena em um restaurante tipicamente uruguaio, na capital mais uruguaia do mundo, a cidade de Porto Alegre. Claro que Montevidéu segue sendo a principal localidade do país Charrua, mas existem coisas que ficam mais uruguaias quando estão na capital dos gaúchos. Enfim, após pedir para o garçom um belo entrecot, uma salada e uma porção de batata, chegou a hora de solicitar a tão famosa cerveja uruguaia de litro. Eis que, para a minha surpresa, a resposta foi "não temos cervejas uruguaias. Somente Schneider e Córdoba".


Se aquela frase tivesse sido proferida em um restaurante de Montevidéu teríamos o início de uma guerra. Uma peleja que duraria séculos pelas margens do rio de La Plata. Como que um restaurante tipicamente uruguayo só vende cervejas argentinas ?? O pobre atendente tupiniquim não soube me dizer o porque da grave ausência. Se limitou apenas a balbuciar algo do tipo "não tem vindo mais nenhuma" e era isso. Elementar, meu caro Watson, que garrafas de um litro de Patrícias, Norteñas, Pilsens e Zillertals simplesmente não desaparecem das boas casas de comilança.


Apenas como resgate histórico, no início dos anos 2000 era raro encontrar cervejas uruguaias disponíveis em supermercados e restaurantes brasileiros. Apenas as cidades de fronteira, como Rivera, tinham abundância na oferta das bebidas. Não raras eram as pessoas que iam até a fronteira da amizade comprar e trazer cervejas de lá ao invés de vinhos, perfumes, bocaditos y otras cositas más. Alguma coisa está fora da ordem mundial. Uma rápida passada pelos grandes mercados de POA, já é possível notar a ausência das tradicionais cervejas uruguaias de litro.


Em 2011, faltavam garrafas de Norteña e Patrícia nas parrilhas de Montevidéu. Tudo porque a AMBEV, empresa que comprou as marcas, resolveu retira-las do mercado uruguaio na tentativa de popularizar a Brahma. Enquanto isso, aqui em Porto Alegre estas três marcas (junto com a Zillertal) dominavam as prateleiras dos supermercados, botecos e, até, do açougue aqui na esquina de casa. Hoje, porém, como num passe de mágica elas sumiram do mercado. Ao que parece, a estratégia da AMBEV agora é a de popularizar as cervejas argentinas de litro e tentar empurrar goela abaixo as marcas nacionais. Infelizmente, mais uma demonstração de que monopólio nunca é bom pra ninguém, exceto para quem o detém.

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