"Tudo mundo morre"

Quando um seriado de televisão termina é quase como se alguém da própria família tivesse morrido para seus fãs. Por mais que sobrevivam as lembranças, as canecas, camisetas e os box com todos os capítulos em DVD, nada preenche o vazio do futuro iminente de não assistir a novos episódios, de saber que não vai haver uma próxima temporada. Os seriados são as novelas do século XXI, porém, acompanhados com maior devoção e interatividade do que as tradicionais tramas globais.
O ano de 2012 marcou o fim da série "House, M.D.", após oito temporadas e muito casos complicados de medicina diagnóstica resolvidos. Neste meio do caminho, houve mortes, amores impossíveis, demissões e um punhado de grosserias sarcásticas. A atração, desenvolvida em função de um médico temperamental, egocêntrico, viciado em drogas e genial, entrou para o seleto hall de grandes programas da história da televisão mundial. A febre ultrapassou as telas e chegou à literatura, a internet, a música e ao cotidiano das pessoas comuns. 
Dr. Gregory House despertou todo o tipo de sentimento no público, como raiva, pena, repudio, compaixão, amor e por, fim, saudade. A série, criada por David Shore, ganhou diversos prêmio entre eles dois Globos de Ouro. Ao longo de oito anos o ator inglês Hugh Laurie foi agraciado com os principais prêmios dramáticos da televisão americana. Dificíl será ele se livrar do estigma de um personagem tão marcante. Sorte que ótimo disco de blues e folk que ele gravou no ano passado aponta boas perspectivas para uma carreira temporariamente longe das telas.
Na história, House é um infectologista e nefrologista que se caracteriza não só pela capacidade de elaborar excelentes diagnósticos, como também pelo seu mau humor, ceticismo e pelo seu distanciamento dos pacientes, já que ele considera completamente desnecessário interagir com eles. Sua relação conflituosa com os colegas de trabalho também rendeu ótimos momentos de comédia, drama, romance e, até mesmo, ação. A maneira pouca convencional que o médico usa para salvar a vida da pobre alma que tem seu caso pego por ele rendeu, inclusive, teses filosóficas à cerca da "metodologia House".
No dia 8 de fevereiro, House teve seu último capítulo intitulado "Everybody dies" (Todo mundo morre) veículado na televisão americana. Com um pouco de atraso, chegou ao Brasil. O final surpreendente e emocionante foi digno de uma das melhores criações televisivas em termos de roteiro, interpretações e originalidade. Já deixou saudades.

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