Por um futebol com mais Balotellis

Jogadores de futebol não são exatamente exemplos de personalidade e dedicação à profissão. A maioria deles é muito mais preocupado em cortar o cabelo, estar na balada mais concorrida, estrelar anúncios de TV, jogar playstation e ensaiar a coreografia do sucesso popular mais recente. Por ser um esporte tão importante para a vida de muita gente, os principais artistas do espetáculo deveriam ter uma postura um pouco mais adecuada com sua importância. Por isso, jogadores como o italiano Mário Balotelli fazem muita falta nos gramados mundo a fora.
O atacante do Manchester City protagonizou um episódio histórico durante a Eurocopa deste ano, realizada na Polônia e na Ucrânia. Filho de pais ganeses e adotado por uma família italiana após ser abandonado ainda bebê em um hospital, Balotelli encarrou com fúria todo o racismo e preconceito de duas nações conhecidas pela intolerância e o preconceito contra quem não é da mesma cor que a maioria da população local. Durante a segunda partida da seleção italiana no torneio, torcedores croatas ecoaram cânticos racistas destinados ao jogador durante toda a partida e arremessaram bananas em sua direção.
Depois do ocorrido, o atleta disse que "mataria" quem lhe atirasse banana enquanto estivesse em campo. Após o episódio, nenhum jogador de futebol veio a público recriminar as atitudes racistas durante o torneio. Nem mesmo os próprios companheiros de seleção saíram em defesa de Balotelli. Restou a Uefa multar a seleção croata em R$ 205 mil. A personalidade forte do italiano é uma das marcas que faltam aos ídolos do futebol nos dias de hoje. Não existem mais homens como Dinho, Hugo de Léon, Sócrates, Afonsinho, Zico e Romário. Caras que entendem que eles não são apenas artistas de um espetáculo. Boleiro hoje em dia é tudo igual. Fora de campo tudo é festa. Dentro das quatro linhas tanto faz se perder ou ganhar.
A falta de personalidade é tamanha que, recentemente, o uruguaio Luis Suarez fez comentários racistas sobre o seu colega de profissão, o francês Patrice Evra, durante uma partida. Suarez, garoto de origem humilde, esqueceu suas raízes e dificuldades que passou ao chamar de "macaquito" o lateral esquerdo do Manchester United. O zagueiro Antonio Carlos, na época no Juventude, também demonstrou preconceito contra o volante Jeovânio, do Grêmio, em jogo na cidade de Caxias do Sul. O racismo é tão nojento quando vem da arquibancada e da sociedade, mas é pior ainda quando a agressão vem de alguém próximo, de origem semelhante.
Apesar da loucuras de Balotelli, suas brigas com treinadores, namoradas, companheiros de equipe, as comemorações marrentas a cada gol e as polêmicas, o italiano deveria ser exemplo para outros colegas de futebol, que parecem ter esquecido de sua importância como ídolos e exemplo para milhares de seguidores. Ser ídolo não é ser correto o tempo inteiro, porém, é demonstrar personalidade, sentimento e entrega de coração ao que se faz.  Mesmo não sendo uma pessoa politicamente correta, o futebol carece de mais Balotellis.

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