Futebol brasileiro: mais pra uísque do que pra sangria


O aprendiz de treinador Caio Júnior disse certa vez que gostaria que o seu Grêmio jogasse como o Barcelona, time espanhol dono do futebol mais vistoso do mundo e treinado por Pep Guardiola. O ex atacante gremista, que hoje está no mundo árabe, queria pura e simplesmente que seu time tocasse bem a bola, mantivesse a posse da pelota mais tempo do que o adversário e marcasse uma avalanche de gols a cada partida contra equipes inexpressivas. O futuro mostrou ser impossível que os jogadores do atual elenco tricolor realizassem o desejo de seu comandante e ele foi embora com apenas oito jogos no comando do time.

O episódio mostra que estamos muito mal acostumados a assistir o futebol praticado pelo Barcelona, Real Madrid e por alguns clubes europeus (especialmente os ingleses). Pior ainda é nosso desejo de ver aquele futebol do velho mundo, com aquele toque de bola fino, aquelas jogadas bem trabalhadas, tabelas sem erros passe, etc, reproduzido em nosso pobre campeonato do terceiro mundo. Assim como na época auge do café, nosso melhor produto futebolístico é exportado a peso de ouro. O que sobra para nós são a quarta e quinta categoria de uma iguaria deliciosa a qual somos mestres em produzir.

Por isso que faço o alerta para uma possível "escotização" do nosso futebol tupiniquim. O que vemos nos jogos daqui são um festival de passes errados, jogadores com pouca ou nenhuma técnica e partidas sendo decididas em bolas aéreas e paradas (não necessariamente nesta ordem). Os times brasileiros se assemelham muito mais a participantes do glorioso campeonato escocês do que postulantes a uma vaga na glamurosa Uefa Champions League. Até na segundona inglesa se joga um futebol mais vistoso do que aqui no Brasil. Nosso Barcelona é o Santos, que se tirar o Neymar vira um Dundee United da baixada paulista. Ou seria um Motherwell F.C. ??

Esta tendência ao retrocesso escocês vem da falta de qualidade no passe. Aqui jaz toda a problemática. Erros de passe, centenas deles por jogo, milhares a cada rodada. Se realmente quisermos voltar a ser o país do futebol, onde se joga o fino da bola, é hora dos treinadores saírem de frente da tv sintonizada na ESPN ou no SPORTV e irem a campo praticar e doutrinar seus atletas para acabar com o erro de passe. Senão, os jogos por aqui vão continuar a serem decididos na bola parada, num escanteio, numa falta bem batida ou num "bumba meu boi" pra dentro da área em busca da cabeça do centroavante grandalhão. Exatamente como se faz na Escócia.

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