Após morte de cinegrafista no RJ, Polícia Civil gaúcha monta curso para jornalistas em locais de conflito armado


A Polícia Civil prepara a criação de um curso para jornalistas que acompanham operações policiais no Rio Grande do Sul. Há pelo menos dois meses, a assessoria de imprensa do orgão e a Academia de Polícia Civil (Acadepol) já tratam do assunto. Segundo o delegado Fábio Motta Lopes, diretor da Divisão de Ensino da Acadepol, a morte do cinegrafista Gelson Domingos da Silva, da TV Bandeirantes, durante um tiroteio na zona Oeste do Rio de Janeiro, vai acelerar o processo de elaboração do curso.

Na próxima semana, um novo encontro entre as duas unidades da Polícia Civil deve discutir o conteúdo programático a ser elaborado. O delegado Lopes, inclusive, quer ouvir profissionais que cobrem o setor de polícia na imprensa gaúcha. Ele já adiantou, porém, que temas como manuseio de armas e como se portar em locais risco serão abordados. Recentemente, durante uma operação em Montenegro, policiais e profissionais de imprensa circulavam por uma vila com ruas estreitas e sem iluminação, o que potencializava o risco de um confronto armado.

Lopes adverte, ainda, que fuzis 762, similares ao que atingiu o jornalista, já foram encontrados no Rio Grande do Sul em poder de criminosos. A Polícia também vai solicitar que os profissionais utilizem colete à prova de balas, fornecidos pelas empresas. Porém, a assessoria afirmou que vai continuar convidando os jornalistas para acompanhar as operações. A Brigada Militar revelou, ainda, que não pensa em restringir o trabalho da imprensa em meio às abordagens.

A operação que tirou a vida do cinegrafista ocorreu na Favela de Antares, em Santa Cruz, no Rio. Domingos foi atingido por um tiro no peito e, embora usando colete à prova de balas, ficou ferido e foi levado pela própria polícia para uma Unidade de Pronto Atendimento 24 horas, mas não resistiu e morreu. Ele fazia a cobertura da operação contra o tráfico para o programa Brasil Urgente, da Bandeirantes. O corpo do cinegrafista, que deixa esposa e três filhos, foi sepultado nesta segunda-feira, no Cemitério Memorial do Carmo, zona portuária da cidade.

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