Prefeito de Gramado e antecessor sugerem motivação política em operação do MP


Denunciado pelo Ministério Público, o prefeito de Gramado, Nestor Tissot (PP), negou ter cometido qualquer improbidade administrativa, ao dar entrevista, nesta tarde, à Rádio Guaíba. Ele o antecessor no cargo, Pedro Bertolucci, foram alvos de denúncia-crime em um processo que apurou indícios de fraude nas contas do Natal Luz.

O atual chefe do Executivo na cidade lamentou a atitude do MP e afirmou que houve um exagero na operação realizada, nessa manhã, no município. Tissot avaliou haver grupos políticos do município e da reigão querendo prejudicar o evento, devido à repercussão nacional que ganhou.

Já o ex-prefeito, Pedro Bertolucci (PP), que também foi denunciado pelo MP, ironizou a operação e disse que, desde 2008, quando o Natal Luz começou a dar lucro, existe uma pressão política para retirar o evento da cidade. Ele negou participação do Município nas irregularidades e lembrou que as contas de Gramado foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. "Na minha gestão, não houve nenhum tipo de irregularidade na organização do Natal Luz. Todos os recursos da prefeitura usados no evento tiveram suas contas devidamente prestadas e aprovadas na época. O resto não é da minha alçada", afirmou.

Bertolucci explicou que o evento de final de ano é promovido com verbas federais da Lei Rouanet, dinheiro vindo da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e recursos da prefeitura da cidade serrana. “Só posso responder pela verba da prefeitura, porque os demais são controlados pela comissão que organiza o evento, e nessa há transparência total com fiscalização do Tribunal de Contas”, disse.

O ex-prefeito criticou o “julgamento antecipado” que, na opinião dele, está sendo feito pelo MP. “Eu não contesto a denúncia, porque esse é o papel da Ministério Público, mas não se pode julgar antes”, disse. “Enquanto o Natal Luz era deficitário, não tinha problema algum. Quando começou a dar lucro, acharam problemas. O único problema do Natal Luz é inveja que ele provoca”, finalizou.

Durante o cumprimento dos mandados, foram recolhidos livros de contabilidade, notas fiscais, arquivos de computadores, planilhas e outros documentos relacionados ao Natal Luz. O Ministério Público apurou que Tissot e Bertolucci aplicaram verbas no evento de forma irregular, nos valores de R$ 500 mil, cada. O MP quer, ao todo, o ressarcimento de R$ 8 milhões aos cofres públicos.

Alem do prefeito e do antecessor, denunciados por improbidade administrativa, o MP enquadrou 34 pessoas pelos crimes de formação de quadrilha e peculato, entre integrantes da comissão organizadora, servidores públicos. e empresas que participavam do evento.

Conforme o promotor Antônio Kepes, a denúncia é motivada por mais de um ano de investigação, período em que o MP constatou que, apesar do sucesso do Natal Luz, ele nunca deu retorno financeiro para o poder público. Todo o valor arrecadado, conforme a denúncia, era revertido para grupo de amigos e familiares dos organizadores.

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