A maior queda de todas


O mundo assistiu perplexo o rebaixamento de um dos maiores clubes do futebol mundial para a segunda divisão do seu país. No domingo gelado de 26 de junho de 2011, em Buenos Aires, Argentina, o Club Atlético River Plate escreveu o capítulo mais triste de sua história de 115 anos. Ao empatar em 1x1 com o minúsculo Belgramo de Córdoba, os Millionários selaram seu destino fatal e jogarão a segundona do campeonato argentino no ano que vem. A dor e a frustração estampadas nos rostos de torcedores e jogadores do River foram transmitidas para o mundo inteiro e deixaram calados, quase de luto, os admiradores do futebol.



As razões para a queda foram muitas. Ao começar pela direção do clube. Daniel Passarela, ídolo em campo, foi um dos piores presidentes que o River poder ter. Porém, tudo começou lá atrás, quando o ex-presidente José Maria Aguillar abriu as portas e se envolveu com empresários com negócios suspeitos, que rasparam os cofres do clube. Passarela e os novos dirigentes não conseguiram recuperar a saúde fincaneira do clube, divido internamente por grupos políticos, e a situação foi piorando até chegar ao último ato de um triste tango.



O River foi rebaixado em 2011 apesar de terminar o Torneio Clausura em nono lugar. Sua média é a quarta pior da Argentina, porque foi o lanterna no Apertura 2008, seis meses depois de conquistar seu último título, o Clausura 2008. A fórmula dos torneios argentinos protege os grandes clubes ao lhes dar a chance de se estruturar antes que o pior aconteça. Para o River, nem isso adiantou. A montagem do time, com jogadores bem abaixo do nível técnico exigido para um clube de tamanha grandeza, foi desastrada e equívocada. A mistura de veteranos decadentes, jogadores de nível de série C e jovens recém saídos das fraldas não poderia dar certo.



A escolha do técnico pior ainda. J.J. Lopez, grande ídolo do clube como jogador, vinha de ter rebaixado outros três clubes antes do River (Unión, Talleres e Instituto). Mesmo a mística de um ídolo na casamata precisa ser muito bem pensada e planejada. Passarela já esteve nesta posição e parece não ter aprendido. O comandante Lopez sucumbiu pela quarta vez, desta feita, levando junto para o fundo do poço uma nação de mais de 13 milhões de torcedores apaixonados.

Por fim, a imagem do estádio Monumental de Nuñez sendo destruído por sua própria torcida mostrou o tamanho da revolta e da dor. No Brasil, dificilmente jogadores rebaixados são vistos aos prantos como o elenco do River no frio gramado do Monumental após não conseguirem livrar seu clube de degola. E que torcida de grande clube brasileiro mostrou tamanha revolta com o rebaixamento do seu time quanto a do River Plate ?? Após anos e anos vendo seu maior rival, o Boca Juniors, ganhando praticamente tudo, eis que a situação conseguiu ficar pior. Por vezes uma queda como esta é o início de um renascimento para futuras glórias. É o que o mundo do futebol espera que aconteça com um dos maiores clubes da Argetina, assim como já ocorreu com tantos outros mundo afora.

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