Final da Libertadores expõe venda e aluguel de carteiras de sócio pelos cambistas


A final da Taça Libertadores da América, ontem, entre Inter e Chivas Guadalajara, no Beira-Rio, revelou uma nova modalidade de mercado negro para a venda de ingressos. Com a expansão do número de sócios do Grêmio e do Inter, ficou ainda mais dificíl o acesso dos torcedores ao estádio, já que não há mais venda de bilhetes de papel em dias de jogo decisivo. Por isso, os antigos cambistas passaram a migrar para o aluguel e a venda de carteirinhas de sócios do próprio clube.

Há duas formas de 'golpe'. Numa delas, os cambistas negociam, de fora do estádio, a compra ou o aluguel da carteira. Na outra, o próprio torcedor consegue alugar o cartão, por um valor bem maior que o pago pela mensalidade, tornando-se um 'sócio cambista'. Quando o negócio envolve o cambista comum, a pessoa paga o valor exigido, entra no estádio com a carteirinha e, dentro do campo, a devolve para um outro intermediário. Já os sócios cambistas alugam a carteirinha para os conhecidos ou a vendem, para qualquer um, e depois do jogo, pedem uma segunda via para o clube, alegando ter sido roubados ou perdido o documento.

Durante a semana que antecedeu a final da Libertadores, torcedores negociavam, no Orkut, o empréstimo das carteirinhas em comunidades do Inter. Em alguns casos, colorados chegavam a oferecer de R$ 700 a R$ 2 mil pelo aluguel da carteira. Alguns chegavam a prometer a troca do ingresso para o jogo por celulares e outros bens de consumo. De acordo com a titular da delegacia do consumidor de Porto Alegre, Patrícia Sanchotene Pacheco, a prática não é crime. Porém, o comércio é questionável, já que o sócio do clube se vale do beneficício do acesso ao jogo, que outros torcedores não possuem. Nestes casos, ela sugere que o clube tome providências para coibir a prática.

O vice-presidente de administração do Internacional, Décio Hartmann, revelou, nessa tarde, que dois sócios colorados já foram identificados pela prática do câmbio com a carteirinha. A dupla foi flagrada alugando o cartão, em dia de grandes jogos. Os casos foram encaminhados para o departamento jurídico do clube. Ele explicou, também, que dificuldades legais impedem o Inter de atuar com poder maior para coibir a prática. Porém, o torcedor que for ao quadro social por mais de uma vez para solicitar segunda via, fica sujeito a ter o caso analisado pelo clube e dificilmente recebe uma nova carteirinha. Ainda segundo o dirigente colorado, o número de ocorrências deste tipo é pequeno para justificar um investimento maior no controle do acesso dos torcedores ao Beira Rio como, por exemplo, a substituição das catracas eletrônicas por acesso biométrico.

Atualmente, o Inter tem 105 mil sócios aptos a ingressar no Beira-Rio, que tem capacidade para 55 mil pessoas. Já o Grêmio tem cerca de 55 mil sócios para uma capacidade de 45 mil pessoas no Olímpico. Ocorrências do tipo foram registradas pelo tricolor em jogo da Semifinal da Libertadores, do ano passado, contra o Cruzeiro.

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