Desde janeiro, tráfico impede CEEE de entrar na Vila Chocolatão


A morte do líder comunitário da Vila Chocolatão, Leo Antônio Genovêncio Maciel, executado em dezembro do ano passado, afastou a hipótese de que as famílias que vivem no local tenham a energia regularizada. Alvo de sucessivos incêndios atribuídos às ligações clandestinas de luz, a vila foi beneficiada pela alteração na legislação da Agência Nacional de Energia Elétrica, que passou a permitir a instalação de redes em áreas irregulares. De acordo com a CEEE, Maciel intermediava o acesso dos funcionários para a instalação das redes. Em janeiro, depois que ele foi morto, técnicos da empresa voltaram ao local para realizar o serviço. Ao desligarem os chamados 'gatos' de energia, acabaram expulsos pelos traficantes e, desde então, não puderam mais voltar.

Nenhum técnico foi liberado pela empresa para falar da represália, mas o próprio presidente da estatal, Sérgio Camps de Moraes, levantou o problema, em audiência com os vereadores da Capital, na semana passada. A companhia desconhece a situação das redes de energia na vila. A expectativa, porém, é de que os 'gatos' tenham sido restabelecidos.

Leo Genovêncio Maciel foi morto com três tiros, quando trabalhava em um galpão de reciclagem. Na época, ele presidia a Associação de Moradores da Vila. A morte do líder comunitário teve suposta relação com o narcotráfico. Dias depois do crime, um homem foi preso e indiciado pela morte. Em maio, os dois filhos do líder comunitário foram assassinados. Leo Antônio Genovêncio Maciel Júnior, 23 anos, e Diogo Pereira Maciel, de 29, jantavam com a família, na casa do bairro Igara, em Canoas, quando dois homens armados invadiram a residência e executaram a dupla.

A CEEE prepara a instalação de redes de energia em 26 loteamentos irregulares da Capital e já tem 177 áreas cadastradas para os próximos meses, com investimento de R$ 3 milhões. Segundo a empresa, Porto Alegre tem mais de 50 mil ligações clandestinas de luz. Para cada cinco kilowatts de energia distribuídos, um é furtado na Região Metropolitana. Em 2009 o prejuízo chegou a R$ 27 milhões.

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